Fui até aquela praça onde algumas pessoas vão pra passear com os cachorros, levar os filhinhos pra andar de bicicleta, ou namorar. É estranho observar as pessoas agindo completamente diferente do que dizem os seus olhares. Aquela mãe que só foi dar um beijo no filho pra poder ir trabalhar, enquanto o filho corria do beijo da estranha; logo depois ele fica com a babá que de estranha não tem absolutamente nada. Ou aquele pai que finge ouvir o filho falar maravilhado da complexidade da chuva, que aprendeu na aula.
E tem também aquele namorado, que com cara de mistério aperta as mãos da garota, como se estivesse para perdê-la. E logo solta com um meio sorriso e um olhar sarcástico, fazendo a importância daquelas mãozinhas brancas se perder. Ela olha pra ele, tentando saber o motivo das mudanças de humor. Beija o seu rosto, acaricia seus cabelos Diz o quanto o ama pela milésima vez, mas sempre com a intensidade da primeira. Ele fala: "eu também", e nem isso é com a mesma intensidade de antes.
Não! Como! Ele olha pra ela, segura seu delicado rostinho com as mãos espalmadas, com um olhar terno. Dá um beijo que inicia vagaroso e romântico, caminhando pra um beijo loucamente apaixonado de quem quer por tudo estar sozinho com ela. Terminam o beijo, os dois felizes e apaixonados e ela impressionada com todo esse amor que ele entrega sem pensar duas vezes. Eles se olham por uns quinze minutos, se beijam, se abraçam, um casal perfeito! E não há o que dizer, o olhar diz tudo. É, o olhar diz tudo! E mais beijos, beijos, e abraços e paixão fervososa! Ah, momento de plenitude!
E a cada beijo os olhos dela brilhavam mais de alegria enquanto ela tentava explicar a imensidão de seu amor. Ele sorria e dizia: "eu também te amo, muito!". Os beijos oscilando entre inocentes e quentes. Os olhares se misturavam apaixonados, desejosos, maravilhados, impressionados. E a complexidade da alma humana perdia a importância diante daquele momento de certeza amorosa.
Pararam com os beijos em praça pública, ele com aquele olhar de sempre e ela com um olhar tímido. Sem ter muito o que dizer, ela pergunta esperançosa pela terceira vez só hoje:
- Amor, que tal irmos ao cinema hoje à noite e depois jantarmos, e... vc sabe... dormirmos juntos?
Ele explica, com aquele olhar, que gostaria muito, que daria tudo pra poder estar com ela. Mas não daria nessa noite, pois tinha prova em dois dias e estava muito mal na matéria, portanto estudaria até bem tarde. Ela aceita, enfim, o fato, compreensiva. E os dois trocam outro sorriso seguido de um beijo, dessa vez rápido. Ela interrompe:
- Bom, se o caso é tão grave a ponto de você me dizer não, acho que é melhor ir estudar logo pra depois podermos sair e ficarmos um tempão juntos, né?!
Ele sorri, concordando. Dá um abraço forte e mais um daqueles beijos. Acompanha a namorada até o prédio que fica do outro lado da rua e segue até o ponto de ônibus. Segue se repreendendo por duvidar do amor dessa garota perfeita e tão carinhosa. Quantas namoradas de amigos não aceitam essa história de estudar? Ela aceita, oras! Ela se preocupa com ele! Deve até estar marcando algo pro final de semana, algo lindo e doce pros dois viverem juntos. Tão doce quanto seus beijos e seu olhar maravilhoso. Ele ri das suas neuras. E segue feliz, como se nem tivesse uma provona difícil pra fazer.
Depois de um tempo, pingos de chuva começam a cair do céu. A menina sai do prédio pra receber uma amiga. As duas lindas, bem vestidas. Se abraçam e se perguntam quanto tempo vai demorar pra chuva passar. Entram no carro e saem sorrindo.
Wednesday, August 30, 2006
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