Saiu da escola, sorrindo claro, como sempre. Nada demais, só mais um dia de aula, ficar em casa, estudar e tals... O de sempre.
Ela nem precisava mais pensar pra andar, o corpo ia sozinho, tudo bem mecânico mesmo.
E isso doía incrivelmente. Mas era normal.
O problema é que ia ficando mais difícil. Ela tentava forçar, mudar a cara de tristeza fazendo caretas bobas. Ela sabia que tinha muita gente passando por ela, mas ela não via, só conseguia olhar pra baixo. Afinal, só precisava ver o chão mesmo, pra não tropeçar. Os olhos quase fechados de cansaço e falta de vontade eram completamente justificáveis, já que a luz do sol tinha esse efeito mesmo. Êpa! O dia tava nublado... De qualquer forma, tinha luz, muita luz.
Olhando pro chão... degrau, desce, calçada, asfalto, pula a divisória, brinca, grama. Grama... tudo que queria era cair nessa grama, jogar todo aquele peso no chão, o fichário, tudo, sem medo de estragar... Cair, só cair naquela grama verde e convidativa... Um pedacinho curto de natureza que passou pra asfalto. Ai ai, vontade de voltar e cair, só cair mesmo, passar a mão na cabeça, respirar... Talvez ficasse mais fácil voltar a andar depois. Mas as pessoas achariam estranho. Ou pior, poderiam falar com ela. Anda, tá chegando.
Vontade de chorar... Ai! Olha que casa bonita... queria mudar de casa. Mudar de casa... mudar qualquer coisa mesmo. Só pra mudar. Mudar o caminho de volta, mas isso poderia torná-lo mais longo. Eita! O cara no carro tá olhando! Apressa o passo, anda, olha pro chão.
Chega...
Chegou, que bom, agora poderia descansar.
Chegou, droga, não aguentava mais isso.
Come, chatice, até a comida é sempre a mesma. Okay, sejamos moralistas, tem gente que não tem o que comer. Deve-se agradecer. Come.
E agora?
O de sempre.
Tuesday, November 21, 2006
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